sábado, 27 de dezembro de 2008

Qual é o seu valor?

Como já foi dito em outro post , valores são conceitos que recebem ênfase, portanto, se tornam dominantes ao ponto de ditar comportamentos e atitudes em geral. Os valores estão arraigados em nossa mente através da memória, da vivência, da educação. E na maioria das vezes é involuntariamente que determinam como procederemos diante de uma situação. Não é à toa que psicólogos procuram no passado de seus pacientes as respostas para os sintomas presentes, revelando, assim, a realidade do ser humano como um ser histórico, relacional e sensível. Nada acontece por acaso. No entanto, a tendência filosófica atual inclina-se por ignorar tais fatos com a alegação de que a história acabou. O que ficaria são os resultados e a eficácia. O poder pelo poder.
Porém, diante deste quadro sinistro, podemos dizer com toda a certeza que os valores não morreram. Eles estão aí, mais misturados do que nunca na cabeça das pessoas. Pais que matam filhos, filhos que matam pais, ao contrário do que se diz, não têm a cabeça vazia. Eles têm é a cabeça cheia demais; cheia de valores confusos e que eles mesmos desconhecem.
Ainda acerca da importância dos valores, eu gostaria de fazer uma rápida reflexão sobre três aspectos abrangendo os seguintes temas: valores contraditórios, liderança de valor, pessoas de valor. Serão apenas sementes lançadas, pois o assunto é amplo e merece uma atenção maior. Isso fica por sua conta.

Valores contraditórios
Não dá para entender. Enquanto muita gente reclama da exploração da vulgaridade nos programas televisivos - como no caso da polêmica “dança do poste” na novela Duas Caras, da Rede Globo – outras pessoas (ou até as mesmas) aplaudem a iniciativa do autor. Elas alegam que a novela fez bem em tratar do assunto com naturalidade, o que ajudaria a reduzir o preconceito contra pessoas, que como quaisquer outras, estão apenas trabalhando. A questão aqui nem é propriamente moralista, mas lógica: a mesma sociedade que recrimina o machismo e que sonha com o amor perfeito bate palmas para a vinculação de conceitos que apóiam a visão da mulher como objeto.

Liderança de valor
Acusar o capitalismo de todos os males é fácil. Difícil é arranjar uma idéia melhor. O grande problema desse sistema de governo é a ênfase ao consumismo que ele propõe. E o medo que desperta: “se eu não garantir o meu hoje, alguém vai me passar a perna amanhã”. Mas tudo seria melhor se houvesse uma consciência de que todos são importantes no sistema. É só um caso de justiça. Vejamos um exemplo tirado do livro A fome no mundo explicada a meu filho, de Jean Ziegler e lançado pela editora Vozes. Burkina Faso, um país do oeste africano, estava arrasada financeiramente, enfrentava graves secas e improdutividade da terra, além de levar o fardo de um funcionalismo público parasitário. Com a ascensão do governo popular muito foi feito para reverter parte desta situação, mas o líder Sankara acabou sendo assassinado, pois as suas medidas populares não agradaram nem a países vizinhos nem às antigas metrópoles neocoloniais.

Pessoas de valor
Primeiro saibamos quais são os nossos valores. Depois, se eles são realmente “valorosos”. A partir daí, desenvolvamos a habilidade de plantar a verdade em tudo que fazemos. Na revista Istoé deste mês, a reportagem de capa trata da questão da solidariedade e de como ela é inerente ao ser humano. E não só a alma e o coração estão envolvidos neste “empreendimento”, mas também o corpo com todas as suas atividades. Fazer o bem faz bem. Por isso, creio que não dá para dividir vida profissional da pessoal (digo, radicalmente) etc, pois tudo deve convergir para uma verdade: o nosso valor.

Quem há de ir por nós?

Você seria um desbravador de caminhos?
Aquele que defende uma idéia absurda e inovadora pela qual ninguém arriscaria a pele?
Você lutaria contra as injustiças da estrutura social que nós mesmos construímos?
Qual seria o seu limite?


Teia de aranha

Em todos os lugares

Nos ares
Nos lares
Nas paredes
Nas redes.

Lá elas estão.
Pelo corrimão
No chão
Na mão.

Até em meio à ferrugem
de uma velha cerca
Até em meio ao lugar
que ninguém deseja.

Nenhum passarinho colocaria seu ninho
Nenhum homem colocaria sua sorte
Nem mesmo as plantas passariam por ela
Passarela.

É ela!
Que coragem!
Que ousadia!

Fazer o que ninguém fez
Ir aonde ninguém foi
Enfrentar o desconhecido,
Como desbravador.

Pois ninguém sabe de tudo
mas o Tudo sabe de nós
E quer nos usar para construir
além dos limites da vida,
além dos limites do pensamento
Um caminho de partida.

Oh, teia
desteia a teia
Oh, rola
desenrola o pano.

E verás

Verás que ela não está mais lá
Mas seu rastro ainda permanece
E por onde ninguém mais havia
Hoje, um pardal passeia.

(Giuliana Azevedo)

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Qual é o valor * do Natal para você?



Recebi um e-mail, ontem, que veio renovar o significado do Natal para mim. De fato, este dia não me parecia muito diferente dos de mais, apesar da minha forte fé cristã e convicção de que o Natal vai muito além das tradicionais reuniões de família, recebimento de presentes e comilança. Este e-mail do Gilberlei , que creio ser um dos líderes do Movimento Alfa e Ômega, – movimento de mobilização evangelística dentro das universidades – revela uma verdade incrível: Deus desceu! Um trecho:

“Ah, se tu rompesses os céus e descesses! Os montes tremeriam diante de ti!
Como quando o fogo acende os gravetos e faz a água ferver, desce para
que os teus inimigos conheçam o teu nome e as nações
tremam diante de ti!” [Isaías 64:1,2]
Eu oro para que esta noite seja marcada não pelas luzes dos pisca-piscas, nem pelo esplendor das árvores natalinas, tampouco pelo “intruso” Papai Noel, mas sim pela celebração de um dos mais dramáticos eventos em todo o Universo: a mudança de Deus para o nosso planeta. Ele veio morar entre nós.
Que também nesta noite não nos esqueçamos do que motivou o coração de Deus a uma ação tão extrema: “Deus amou o mundo de tal maneira...”.

Então, como é possível comemorar esta data sem a verdadeira revelação de que existe um Deus que deixou a sua honra pela disposição de se identificar e conhecer as nossas fraquezas , e não só conhecê-las - porque isto grandes líderes como Gandhi, por exemplo, já fizeram – mas vir em forma humana para vencer cada uma delas por nós? Sem esse espírito, o Natal vira somente um pretexto para reafirmações eternas de paz e comunhão que não ganham espaço no resto do ano (vide comemorações de Natal em intervalos de guerra como ocorreu na 2ª Guerra Mundial e em território iraquiano pelos soldados americanos que ainda estão lá). Ou um momento de declarar os sermões de um profeta que sabia o que era se doar ao próximo, mas que permanecem apenas em nosso imaginário.
Por fim, deixo a letra “I need you to survive”, do famoso cantor norte-americano Kirk Franklin, que para mim, representa claramente o valor do simbolismo natalino.

I need you [ Eu preciso de você]
you need me [ você precisa de mim]
we're all apart of God's body [ somos todos parte do corpo de Deus]
stand with me agree with me [ suporta comigo, concorda comigo]
we're all apart of God's body [ somos todos parte do corpo de Deus]

It is His will that [ É pela vontade dele que]
every need be supplied [toda necessidade é suprida]
You are important to me [ Você é importante pra mim]
I need you to survive [ eu preciso de você para sobreviver]

I'll pray for you [ Eu vou orar por você]
You pray for me [ você ora por mim]
I love you [ eu te amo]
I need you to survive [ eu preciso de você para sobreviver]
I won't harm You [ eu não vou te machucar]
With words from my mouth [ com palavras que saem da minha boca]
I love You [ eu te amo]
I need you to survive [ eu preciso de você para sobreviver]

* valor: conceito enfatizado por um indivíduo para regência de sua vida.




terça-feira, 7 de outubro de 2008

Baby, when the lights go out...


Maricá, 2 de outubro de 2008. 18:46.

Para escrever esta crônica, uso a caneta mais comum do mundo e não uma pena, como se fazia à moda antiga. E para dar uma força na inspiração, acrescento: breu, luz de velas e fundo musical com o melhor da roça. É, gente da cidade, eu falo de grilos, sapos e cigarras.
Não vou dizer que ficar no meio do mato, sozinha e sem luz elétrica por mais de seis horas seja interessante. Não, normalmente. Mas hoje não é um dia normal (ou é? Em Maricá, né...).
Uma vela já se apagou. Tenho que ser breve.
Pois bem. O que eu quero dizer é: o que era para ser um estorvo, acabou se tornando uma experiência até consoladora, eu diria. A verdade é que no nosso dia-a-dia somos acometidos por diversas aflições a respeito de decisões a serem tomadas, atividades estressantes que precisamos cumprir ou situações onde somos “persuadidos” a abrir mão de uma vontade momentânea por conta de uma obrigação urgente (uma resenha da faculdade?).
Agora, a segunda vela apagou. Já vou pegar a lanterna. Quando você chegar ao final do texto não vá pensar que eu não gosto de tecnologia. É só lembrar da lanterna.
Continuando. Ah. E quando falta luz? Não dá para usar o computador, ouvir música no stereo ou assistir a um DVD. Mas, também, não é possível sermos atropelados pelos inúmeros compromissos das nossas agendas.
Neste momento, então, eu pude escrever para o blog; algo que eu queria fazer há um mês e não conseguia por falta de tempo. Bom, é tudo uma questão de organização (“ninguém planeja falhar, porém muitos falham porque não planejam”, by pastor Charles), mas têm horas em que precisamos de um milagre. Milagre pra ver que Deus sempre provê circunstâncias pelas quais relembramos como é bom fazer o que se gosta.
Será preciso um apagão para revivermos tempos nos quais cada minuto é precioso e merece ser bem vivido ?



O sapo coaxa. O grilo cricrila. E a cigarra canta.
Só por curiosidade.


19:14. E só restou uma vela.

domingo, 10 de agosto de 2008


Sem palavras

“Sem palavras”. Assim o jornalista Galvão Bueno descreveu (ou deixou de descrever) o momento em que a tocha olímpica foi acesa na 29ª edição dos Jogos Olímpicos da Era Moderna, em Pequim. E ele não está certo? Dizer que não há palavras quando, na verdade, não sabemos como usá-las pode ser clichê, mentira ou até um ato de coragem (quando você admite falta de habilidade ou conhecimento para falar de determinado assunto. Ora, isso não é nenhum absurdo e nós devíamos ser mais humildes e tolerantes quanto às opiniões alheias. Começando por mim. Mas essas são outras águas, de outro bule...). Portanto, admitir tal coisa quando, de fato, as palavras nos faltam é mais do que prudente.
O que dizer quando nossos olhos contemplam uma multidão de todas as línguas e raças reunida por uma causa em comum: durante 17 dias celebrar a harmonia, a amizade e a superação? Já vou dizendo que não discursarei sobre a importância da união dos povos e de fazermos desse lema realidade durante o ano inteiro e não só de 4 em 4 anos, porque tudo isso é óbvio. Mas não posso deixar de ressaltar que até os jogos estão se tornando um pretexto para rivalidades econômicas e discursos políticos (não que isso nunca tenha existido...). No entanto, não quero, agora, tomar partido de ninguém (que coisa é essa de sempre nos ausentarmos de opinar? Isso é um blog ou não é? Convenci-me, vou dizer...). Tudo bem. É ambíguo que Pequim e o resto do mundo estejam celebrando os jogos enquanto pela China movimentos separatistas, miséria e repreensão (e opressão) ocorram em larga escala. Ah, então vamos esperar que tudo se resolva para que depois celebremos a festa? Então, nunca faremos nada. O sistema não será mudado. Nossa missão (não digo saída, porque parece que estamos saindo pela porta detrás, encurralados. Não deve ser assim) precisa ser a de provocar rompimentos nesse sistema; dentro das nossas comunidades. Só um exemplo: uma ótima idéia para geração de renda é a formação de cooperativas por famílias pobres que moram em favelas.
A partir desse momento começamos a sonhar (Um mundo, um sonho) e colocamos o plano em prática. Entendo que, talvez, o meu próximo deva alcançar o sucesso primeiro para que, depois, eu desfrute dos benéficos da sua vitória, sendo que o inverso também é válido. Na verdade, a vida do homem não era para ser sempre assim? Descobrir, conquistar, construir, compartilhar? Mas onde fica o último “item”? Compartilhar não é caridade, é vida. É o verdadeiro desfrutar. É absorver a lição de toda a circunstância para a vida. É ter o fruto da paciência e não o da ganância.
Bom, após uma breve ebulição (ah, falar é tão fácil...) gostaria de dizer que chorei com a cerimônia de abertura dos jogos de Pequim. É. Você leu direitinho. Eu chorei. Chorei, porque me emocionou a imagem dos representantes de 204 países reunidos em um só lugar. Chorei, porque vi a engenhosidade humana no espetáculo chinês e até na história desse povo, que inventou a pólvora, o papel, a bússola. Chorei, porque vi que o homem é inclinado, naturalmente, para o bem. Aliás, me emocionei também com uma passeata no centro do Rio. Era por reivindicações trabalhistas. Ali pude ver que não é vergonha nenhuma lutar pelo que se acredita, já que falamos tanto da necessidade de mobilização em uma sociedade comodista, desigual e individualista.
Chorar nessas circunstâncias também me fez lembrar um texto: “Se alguma das famílias da terra não subir a Jerusalém, para adorar o Rei, o Senhor dos Exércitos, não virá sobre ela a chuva.” (Zacarias, 14:17). Creio que a total transformação do homem vem do interior, de um coração que reconhece a sua culpa e seus constantes erros. E ao ser transformado por uma Palavra Viva que fala: não roube, ele é capacitado a entender e cumprir esse mandamento em amor, não somente pela lei. Penso, assim, como seria lindo ver toda essa multidão reunida para celebrar uma alegria permanente! E como seus corações já teriam passado por uma revolução, seria mais fácil ansiar por ela em nível global.