sexta-feira, 8 de maio de 2009

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Saiu na revista Superinteressante do mês de março uma matéria bem curiosa com base em uma pesquisa publicada pelo Jornal de Neuropsicologia da University College, em Londres. Em linhas bem gerais, a revista dizia que o nosso cérebro, através de duas regiões distintas do córtex motor, reconhece diferenças entre duas imagens, uma bonita e outra feia. Já diante do neutro e o feio não houve atividade alguma, o que poderia significar desestímulo do cérebro diante de representações destas duas categorias ou que não haveria diferenciação entre o “ mais ou menos” e o “bem ruim”.
Saindo do campo da beleza, a questão da neutralidade pode gerar uma série de bolinhas em semi-ebulição (?). Há vantagem em não se mostrar partidário em uma discussão, se revelando neutro, portanto, e juntamente com essa não-exposição tornar a vida como páginas vazias, sem expressão?
Colocado contra a parede, de pé no meio do fogo cruzado, humilhado ou exaltado. Estes não são estados equivalentes a uma postura neutra (quando o neutro, claro, é sinônimo de falta de tomada de partido; estado em que os princípios morais não estão bem definidos ou não são evidenciados em plenitude por algum motivo). “Assim, porque não é morno e nem é quente nem frio, estou a ponto de vomitar você da minha boca...” (Ap, 4:16) Forte, né? Lição pra mim.

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Discussão muitas vezes tida como preconceituosa, as controvérsias sobre “cultura alta” e “cultura baixa” existem, e como já deve ser óbvio, a minha posição não será a mais moderninha a ser apresentada, aqui. Ok. Eu não entendo muito sobre o assunto, por isso não vou palpitar demais. O que sei é que alguns hábitos e práticas que um dia foram hobby de pessoas com alto poder aquisitivo, depois de um tempo se tornaram populares. Outras eram consideradas popularescas, cafonas e aos poucos conquistaram todas as camadas e até “status de profissão”. Mas a pura exteriorização, incentivo e comercialização do desejo (tá, hoje, a questão da moral está em baixa, e as pessoas frequentemente confundem princípios com cafonice) deveriam ser tratados com tanta normalidade? “O insensato não tem prazer no entendimento, senão em externar o seu interior” (Pv, 18:2)