segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Muito além do Capitão América


“Olha, eu gosto de falar durante o filme”, disse.

“Eu também!”, completou minha prima. 

Com esse diálogo, que deixaria muita gente irritada, minha prima eu nos aquecíamos para assistir “Capitão América – o Primeiro Vingador”.  

Começa o filme.  A princípio, o silêncio nos primeiros minutos me deixa preocupada. Tudo bem que cenas burocráticas (e, na sequência, as previsíveis) até certo ponto são necessárias e justificáveis, mas convenhamos que uma dose de criatividade não cairia mal, ok Joe Johnston (Jumanji, Querida encolhi as crianças)? Mas tudo bem. Já esperávamos por isso.  

Cenas passando, chegamos num ponto em que tenho que creditar todo mérito a minha prima. Nosso passeio pela década de 40 ficou, sem dúvida, mais divertido a cada vez que ela adiantava uma cena, reação ou ação do filme. “Esse cara tem interesses escusos”. “Isso vai acabar mal”. “Ah, ele (Capitão América) vai usar essa porta com uma estrela desenhada como escudo, quer apostar?” E tem o beijo da mocinha, as frases de caráter (que eu apoio), as músicas triunfantes de fundo etc etc etc. E continuações de tendências, é claro, como o visual esquisitinho do vilão. Mas esse eu vou deixar pra você conferir by yourself. 

No meio dessas considerações, lembrei-me de um podcast sobre a construção de roteiros clássicos, incluindo os de cinema. Segundo o entrevistado, por volta dos 28 minutos de filme, acontece uma reviravolta na história: a raiva do personagem principal que o lança à aventura e à busca por justiça. Não posso precisar o tempo em que esse fato ocorreu, já que meu celular estava desligado, mas com certeza a morte do doutor cientista e a carinha de justiceiro do Capitão América aparecem no primeiro quarto de filme. 

Antes de avançarmos, preciso fazer um parêntese. É engraçado como ver cinema se tornou algo interessante de uns anos para cá. A boa transformação de percepção, que culmina na dificuldade natural de inserção no universo fantástico e absurdo das narrativas pela constante desconstrução das mesmas, gera algumas interessantes implicações. Por exemplo, alguém pode dizer que nossas histórias perdem toda a graça diante, digamos, dessas pequenas críticas. Não totalmente. Porém, considerar o filme interessante basicamente pelos comentários spoilers e não pelo enredo, com certeza, quer dizer alguma coisa.

Apesar de ter falado mal do longa, preciso reconhecer que ele acerta em alguns pontos, como o final, por exemplo. Mas o maior deles foi, sem dúvida, a solução para o drama que é a roupa ridícula usada por Steve Rogers. A propósito, os roteiristas deveriam pensar em algo semelhante para todos os super heróis...

A aparição de um membro da família Stark também foi bem oportuna. Aliás, o cruzamento de universos e personagens de HQs é uma grande ideia, mesmo para quem não entende nada de quadrinhos, como eu. Capitão América até me deixou com vontade de conhecer mais sobre os vingadores, em preparação para o lançamento da saga, no ano que vem. 

Falando em HQs, em dada cena, a mão do diretor para recriar o tom de desenho animado, como minha prima apontou, merece ser lembrado. E eu acho, sinceramente, que essa opção contribuiu positivamente para o filme, trazendo nostalgia, diversão e revelando o que a história realmente é - a alegria dos aficcionados em quadrinhos – e não uma narrativa com pretensões maiores. 

Por fim, preciso fazer mais duas considerações. A primeira é em resposta a alguns podcasters com alma de cinema. Capitão América até que é um personagem simpático e interessante. Prefiro a humildade dele à arrogância do Homem de Ferro. Mas se estamos falando de super heróis, realmente ele é um dos mais simplórios em termos de poder. 

Outra observação necessária diz respeito ao 3D. Que perda de tempo e dinheiro a aposta nessa tecnologia, que precisa evoluir muito ainda! Só em um momento eu perdi o fôlego com um efeito 3D.  E pagando cerca de 30% a mais no ingresso por isso. A economia pagaria o cupcake que comi depois, com tranquilidade. 

No fim, minha nota para o filme é 6. Passa, mas sem muito mérito.

sábado, 25 de junho de 2011

Duas virtudes e algumas considerações

Ninguém gosta muito de ser vigiado. Mas e quando o vigia é você mesmo?



Acho que uma das coisas mais difíceis de serem conquistadas na vida são a coerência e a constância. E digo conquistar, porque é como hábito: adquiri-se com o tempo; um tempo de atenção, reflexão, disciplina e, não raramente, de humildade.
Atenção e reflexão, pois a coerência e a constância são virtudes da análise. Se a vida passa batida por você, tudo se torna muito intuitivo e circunstancial. Porém, há coisas que precisam ser pesadas na balança, que variam de um caso para outro, que não estão certas apenas porque são praticadas pela maioria ou porque advêm de práticas consagradas pela tradição.
Para isso, acabamos nos tornando vigias de nós mesmos. É como Jesus disse: julgueis a vós mesmos, para não serdes julgados...
E por fim, vem a humildade. De forma prática, ser coerente implica manter atitudes que correspondam aos seus princípios (agora, nem vou entrar no mérito de quais seriam os corretos) a todo instante. Isso significa, por exemplo, se detestamos quando uma pessoa é grosseira conosco e somos impacientes quando alguém nos faz uma pergunta, estamos deixando de seguir essa virtude.
A conclusão a que eu chego é que dá trabalho viver assim. Mas é a forma digna.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Terra chamando Ego

A autoestima, comumente associada a aspectos positivos entre a gama de sensações experimentadas pelos seres humanos, parece causar preocupação a um grupo de pesquisadores da Universidade de Ohio, nos Estados Unidos, segundo matéria publicada no início de janeiro, no blog da revista Época. (http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI200828-15257,00.html)

Calma, eu não vou fazer nenhum discurso esotérico ou cogitar a possibilidade de espalhar a minha bela voz por aí, cantando uma musiquinha bem desafinada crente que estou “causando”. O que me vem à cabeça é a possibilidade de casar algumas considerações que já vinha fazendo durante algum tempo com dados de uma pesquisa científica.

A pesquisa consistia em indagar universitários americanos a respeito do que eles mais “queriam” e “gostavam”. Para isso deveriam enumerar, em ordem decrescente (utilizando números de 1 a 5), atividades favoritas e desejos, como sair com os amigos, receber o salário, fazer sexo, ter autoestima etc. Surpreendentemente, o quesito autoestima alcançou o ranking das preferências.

Em outro momento, foi aplicada uma prova que aparentemente mediria a capacidade intelectual dos participantes. Para os insatisfeitos com o resultado, seria dada nova oportunidade para que aumentassem a pontuação final. Segundo a pesquisa, os que optaram por fazer outra prova apresentavam uma atitude típica dos que tinham senso de merecimento mais elevado, portanto, bastante autoestima. Ou seja, para obter sentimento de valorização, valia investir mais do tempo e das energias.

Quando li essa matéria, logo associei a questão da autoestima apresentada ao surto de celebridades que vemos hoje. Grande parte das pessoas desejam se tornar mega pop stars e ter milhares de pessoas aos seus pés, quando não reconhecidas em cada canto do mundo. Mas essa sede de sucesso as torna, muitas vezes, totalmente dependentes da opinião alheia. Por isso, os escândalos são tão frequentes entre as celebridades: não fomos criados para sermos bajulados, mas para nos doarmos e honrarmos uns aos outros.

Na verdade, a adoração ao ídolo pop leva o próprio ídolo à desgraça em virtude dos excessos que o cercam, que o impulsionam e que o fazem beirar a certa instabilidade emocional.

É claro que a autoestima é boa no que se refere ao impulso trazido por ela a nossa satisfação como seres produtores de ideias e projetos através do reconhecimento que recebemos pelos semelhantes. E esse reconhecimento tende a nos mostrar que estamos no caminho certo. Mas esse é o ponto.

Podemos não ter atingido o status de celebridade, no entanto, muitas vezes prezamos mais a ideia de ter as demais pessoas aos nossos pés, nos elogiando, do que fazendo a coisa certa. Um bom termômetro para medir nossa motivação é a análise de quanto nos enfurece a contrariedade de informações, a advertência e injustiça recebidas. Se ainda desejamos dar a volta por cima em nome da crença na justiça, na verdade e do ideal de uma vida íntegra e com propósitos estamos no caminho certo. Se não, é preciso refletir.

domingo, 9 de janeiro de 2011

Modestas considerações sobre a profissão de jornalista

Com diploma nas mãos, milhares de jornalistas, no mundo inteiro, buscam um lugar no mercado escasso e competitivo da comunicação. Mas competitivo que escasso, é verdade, porque os ramos de atuação da atividade de reinventam e se realocam, aproximando-se de outras profissões, como o Design Gráfico, a Informática e a Administração.

Outro agravante é a constatação de que o processo comunicativo, hoje, não está mais nas mãos de uma elite. Na verdade, essa realidade é muito positiva, uma vez que por meio de diversas ferramentas, como a internet, a transparência, o diálogo e o fluxo de informações se intensificam.

No entanto, para o jornalista, o desafio aumenta, já que precisa mostrar seu valor e relevância para um sociedade em que todos podem ser, de certa forma, jornalistas. Mas existem algumas prerrogativas que indicam a diferença entre um redator de notícias e o profissional de comunicação.

Na minha curta jornada como jornalista e com base na constatação da veracidade dos “toques” que uma professora da faculdade nos dava (e muitas vezes não entendíamos), faço algumas observações sobre o desafio do comunicador em plena era global, digital e online.


1- Ser jornalista é estar atento 24 horas, é ouvir conversa de corredor, elevador, de conhecidos e estranhos em busca de pauta.

2- Ser jornalista é ser um curioso ao extremo. Não raramente, as pessoas ao nosso redor estão até mais bem informadas sobre os recentes acontecimentos do que nós. Nossa missão é contornar isso e ir além: linkar os fatos, pesquisar a fundo e proceder à análise crítica.

3- Muita gente é capaz de escrever bem uma matéria, aliás, o jornalista, ao longo da jornada, vai encontrar muitas pessoas que escrevem melhor do que ele (o que é angustiante!). A diferença é que ele deve saber hierarquizar informações, dividir os fatos dos “achismos”, ser claro, coerente, conciso e objetivo para informar o leitor. Muita gente escreve com primor, mas deixa lacunas de informação ao longo do texto. Mas se o seu texto é simples e completo, com certeza é preferível.

4- Não precisa nem dizer: ler muito e escrever muito é essencial. No meu caso, sou uma devoradora da gramática; uma primeira leitura da matéria, muitas vezes, é só para reparar as estruturas frasais utilizadas pelo jornalista.

5- O comunicador, hoje, enfrenta um grande desafio de ser um profissional multitarefa. Portanto, os estudos constantes e as especializações já são pré-requisitos. No meu caso, ter feito um curso de manipulação de softwares gráficos foi um salva-vidas para o emprego atual. Idiomas e noções de administração (principalmente para exercer atividades de comunicação interna) também são importantes.

6- Uma vez foi me dito: quem pensa claro, escreve claro. Isso é muito verdade! Na hora de falar, precisamos escolher as palavras com cuidado e procurar acertar na concordância. Creio que essa atitude estimula o cérebro de alguma forma quando vamos escrever. O resultado da prática continuada é um texto mais claro e descrições mais acertadas e objetivas.

7- Grande parte do trabalho do jornalista reside na organização, principalmente na atividade de assessoria de imprensa em que as atividades do dia a dia são bem diversificadas. Sem organização as prioridades se perdem, junto com a credibilidade dos clientes. Mas nas redações não é diferente: sem uma agenda organizada os prazos se estrapolam e o jornalista fica mais estressado do que o de costume. Portanto, é melhor se estressar com uma rotina organizada do que com o nervosismo dos prazos apertados devido à falta de organização.

Essas são algumas notas que me vieram à mente recentemente, mas com certeza há muito mais considerações para serem feitas. Se você é jornalista (ou não) e está visitando este site, pode fazer também suas observações nos comentários e dividir sua experiência. Fique à vontade!





Ser ou não ser: as angústias de uma recém-formada


Interessante como o ser humano precisa de ritos de passagem. O casamento, o batismo, as festas de formatura. Todas elas marcam fases da vida e mostram que dali por diante as prioridades, as linhas de discernimento e o nível de maturidade não serão mais os mesmos; que um momento da vida se foi, outro está por vir e com ele se desenrolarão novos desafios.


A formatura de curso superior tem bem esse gostinho. A beca e o capelo nos vestem de um ar de nostalgia e bravura. Um caminho incerto e maravilhoso está logo à frente, mas não sabemos bem como trilhá-lo. Não somos mais crianças; também não sabemos bem como é ser adultos.

Um exemplo prático é como velhos hábitos ainda insistem em nos assombrar: como recém-formados, a postura do estagiário, temente e extremamente submisso, ainda é uma casca para o profissional que está surgindo cheio de força por dentro — repleto de sonhos e desejos por inovação e reconhecimento.

Desejo que me chamem de profissional de comunicação e não mais estagiária. Mas isso se consegue só com o tempo; quando me verão como profissional, para além das nomenclaturas.

Enquanto isso, já carrego um peso nos ombros: o peso da vida adulta, das idas ao banco, do controle da poupança, das cinco horas no trânsito. Era mais fácil carregar aquela mochila pesada no ensino fundamental. Pena que eu não sabia disso.

Hoje, porém, a minha glória pode ser muito maior. Eu assumo a responsabilidade, eu sofro, eu perco, eu ganho. E sou uma cidadã do mundo. Mas do que isso, minha esperança viva é ser uma cidadã dos céus. Porque tudo aqui é para meu aprendizado e crescimento; para que os frutos sejam eternos.

No fim, eu tenho certeza que vou passar pela linha de chegada sã e salva.

“Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós peso de glória, acima de toda comparação, não atentando não nas cousas que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se não veem são eternas.” (2 Co, 4:17-18).