quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Mais do que ser contra o aborto - a necessidade de firmeza e contundência na abordagem da questão

O polêmico pastor evangélico, Silas Malafaia, atacou de novo. Em entrevista concedida ao apresentador Ratinho, na quarta-feira da semana passada, 13/10, — no que considero um momento de vitória para os evangélicos e principalmente para os que defendem a manutenção da vida, — o líder cristão apresentou alguns argumentos contra a prática do aborto. São esses:

1- Segundo o pastor, 99,999..% dos casos de aborto são relacionados à irresponsabilidade da mãe (banalização do sexo, prática de relações sexuais sem preservativo etc.
2- O feto não é um prolongamento do corpo da mulher (mas desenvolve-se em um local específico, reservado para sua permanência durante as 40 semanas), logo, nem a mãe teria o direito de interromper a gestação.

3- Ninguém tem direito pleno sobre seu próprio corpo. Segundo Malafaia, uma tentativa de auto-lesão seria considerada como crime (na verdade, pelo que andei pesquisando, não é bem assim).

4- Não se pode alegar que “as pessoas têm o direito de fazer o que quiserem”, pois essa defesa já estaria invalidada, uma vez que o feto não teria a chance de exercer o direito de escolha.

5- Nos casos em que a prática de aborto já é legalizada — risco de vida para a mãe e estupro ¬— Silas Malafaia defende, no primeiro caso, que uma escolha pela vida precisa se feita (portanto, esse caso é mais compreensível) e, no segundo caso, o melhor seria doar (o termo é péssimo, convenhamos) a criança.

6- Malafaia também mencionou pesquisas (li sobre uma delas no relatório de voto em separado do pastor Manoel Ferreira na Câmara dos Deputados; no Google você encontra) que apontam tendências de morte, suicídio e outros males a mulheres que realizam o aborto mais de uma vez.

Não estou aqui para defender o Silas Malafaia (mesmo gostando de suas pregações), até porque não concordo com algumas de suas abordagens como, por exemplo, a provocação em outdoors contra os homossexuais (mesmo que eu seja contra a prática) — sobre o assunto ler http://elidasuzana.blogspot.com/2010/10/vergonha-alheia-silas-malafaia.html. Mas ter alguém que se coloque como uma liderança firme contra ao aborto é mais do que importante.

Não dá mais para dizer que não concordamos com algo porque somos evangélicos ou porque tal prática não é boa. É preciso argumento, inteligência, autoridade e postura. É preciso tratar da questão como um problema moral e de saúde pública, mas com todas as precauções e respeito à cidadania necessários.

Agora, a acusação que o pastor fez contra Marina Silva me parece um tanto precipitada. Não é fácil para um presidente se posicionar sobre um tema tão polêmico como esse. Também não dá pra impor opinião própria a ninguém. Talvez o mais sensato seja realizar uma ampla campanha de conscientização a respeito dos malefícios da prática do aborto e depois deixar a condução do processo legal nas mãos do Congresso ou do povo, por meio do plebiscito.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Twitter: a gente se vê por ali

Pensar não basta, é preciso compartilhar. E em massa. Essa foi a impressão que tive ontem, enquanto assistia à entrevista concedida pela ex-candidata à presidência da república, Marina Silva, ao Jô Soares. A propósito, o bate papo foi divertidíssimo, com direito a cantadas do Jô, “fora” sutil e meigo da Marina e menção ao sucesso de Zezé Di Camargo e Luciano: “No dia em que eu sai de casa”. Vale a pena procurar o vídeo na Internet.

Deu pra entender por que os meus dedinhos ficaram coçando pra twittar em tempo real? Não é todo dia que você vê Marina fazendo piadinhas; logo ela que assume, normalmente, uma postura séria. Mas não pense que estou julgando. Eu achei ótima a entrevista justamente pela possibilidade de o telespectador poder vislumbrar esse outro lado da acreana, que só reafirma a postura que canalizou a confiança de quase 20 milhões de brasileiros e respeito de tantos outros.

O problema é que com a minha conexão lenta do jeito que estava não deu pra fazer grandes coisas. Além disso, uma amiga, que dispõe de Internet banda larga, já estava se dando o trabalho de registrar tudo na web (e muito bem!). Mas se você pensa que eu desisti, está enganado. Com mais ou menos 12 horas de atraso, — metade de um dia, ou seja, o tempo de delay de um telejornal em relação aos portais online — eu twittei algumas considerações .

Depois desses mil comentários (bem que a professora da minha banca de graduação disse que me empolgava demais com o texto e abordava “trocentas” coisas ao mesmo tempo), quero chegar ao ponto central da minha inquietação: o fato de não ter twittado acerca da entrevista de ontem me fez sentir excluída do ambiente virtual e comunicativo em que estamos inseridos; no qual você é uma voz ativa e participante enquanto compartilha a conhecidos e desconhecidos suas preferências, opiniões e insatisfações.

Mesmo que seja para um pouco mais de 60 seguidores (elemento que contribuiu para que meu Twitter fosse avaliado em apenas $17,22, segundo o site www.twalue.com).

Por outro lado, a conversa tête-à-tête não deve ser relegada a um nível inferior de importância, uma vez que pela Internet a eficácia da comunicação é dificilmente mensurável (e muitas vezes escrevemos para manter status). Na verdade, o “olho no olho” ainda é cheio de mistérios, gestos interpretáveis, réplicas, tréplicas e singularidades incríveis que valem muito a pena.

Aliás, no meu caso, que jornalista esnobaria uma fonte exclusiva (e confiável) de informação? E isso nenhuma busca no Google pode oferecer.